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"Pior momento desde 1984", diz prefeito de cidade gaúcha sobre chuvas

Agência Brasil

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Após quase duas semanas de chuvas praticamente ininterruptas, os moradores de Jaguari (RS) voltaram a ver o sol na manhã desta segunda-feira (23).

Localizada na região Central do estado, a cerca de 400 quilômetros de Porto Alegre, a cidade de cerca de 11 mil habitantes é uma das que mais sofreram estragos decorrentes das chuvas das últimas semanas, sendo, até o momento, o único município gaúcho a ter decretado estado de calamidade pública.

“Nossas equipes técnicas estão fazendo um levantamento para conseguirmos dimensionar o tamanho dos estragos e dos prejuízos, mas o que estamos enfrentando é assustador. Principalmente na área rural”, disse o prefeito Igor Tambara à Agência Brasil.

Segundo ele, as consequências das chuvas, da cheia do Rio Jaguari e da enchente que assolou o município são as piores enfrentadas pelo município nos últimos 40 anos – pior ainda do que a situação de maio de 2024.

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“Em 1984, o nível do rio subiu mais que desta vez e tivemos uma enchente que destruiu muitas casas em áreas alagadiças, sendo o momento mais desafiador que Jaguari já enfrentou, mas passado aquele momento, este é o pior em termos de inundações, de destruição e de prejuízos. Principalmente porque, ao contrário de 2024, quando o nível do rio subiu um pouco mais que agora, não houve a enxurrada que, desta vez, atingiu locais que nunca tinham atingidos”, afirmou Tambara, elencando os estragos já verificados.

“Muitas pontes e pontilhões foram arrastados pela força das águas. Temos aproximadamente mil quilômetros de estradas rurais e podemos dizer que 80% delas estão intransitáveis. Há locais em que a força da água levou calçamentos, derrubou muros, entrou nas casas”, descreveu o prefeito, contando que há residências da área central da cidade onde, após os moradores conseguirem tirar toda a água, restou quase um metro de areia.

Desabrigados

Moradores de ao menos 300 imóveis atingidos tiveram que deixar suas casas.

“Entre desabrigados e desalojados, estimamos que há ao menos 1,2 mil pessoas, mas é difícil precisar este número porque como a cidade é pequena e as pessoas se conhecem, é mais fácil que alguém que precise deixar sua casa vá direto para a de um parente ou amigo sem que a Defesa Civil tome conhecimento.”

Embora ainda estejam levantando os estragos, os técnicos da prefeitura estimam que serão necessários ao menos R$ 20 milhões apenas para reparar a infraestrutura destruída e auxiliar emergencialmente as famílias afetadas que precisem de ajuda.

“Essa quantia é o mínimo de que vamos precisar para reconstruirmos pontes, pontilhões, bueiros, ruas, estradas que estão inacessíveis e casas afetadas. Vamos passar dos R$ 20 milhões e esperamos que os governo estadual e federal nos ajudem, ou não teremos condições de recuperar o município”, acrescentou Tambara, afirmando que, em breve, apresentará às Defesas Civis estadual e nacional um plano de trabalho com as obras necessárias.

“Além de reconstruirmos o que foi destruído, precisamos dar uma resposta às pessoas. Não podemos achar que é normal, em 12 meses, a água entrar na casa delas em três diferentes momentos. Estamos fazendo estudos técnicos junto com uma empresa de engenharia com know-how [experiência] para verificarmos algumas opções, como a construção de diques e obras [de desassoreamento do rio] para aumentar a cota de inundação [próximo à cidade]”, concluiu Tambara.

Estado

Cento e trinta e dois dos 497 municípios gaúchos já comunicaram à Defesa Civil estadual que registraram algum dano ou transtorno em decorrência das chuvas das últimas semanas.

Quatro mortes foram confirmadas nas cidades de Aratiba, Nova Petrópolis, Sapucaia do Sul e Candelária, onde um homem está desaparecido desde a última terça-feira (17). Até o momento, as autoridades tratam um quinto óbito, ocorrido em Santa Terreza, na Serra Gaúcha, como um acidente de trânsito não ocasionado pelas chuvas.

Até as 9h de hoje, a Defesa Civil estadual já contabilizava ao menos 6.258 pessoas desalojadas e outras 1.071 desabrigadas em todo o estado. É considerado desalojado quem teve que deixar o local onde mora e ir temporariamente para a casa de parentes ou amigos, hotéis ou pousadas. Já os desabrigados são aqueles que precisaram ir para abrigos públicos ou instituições assistenciais.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma frente fria atua sobre a Região Sul do país provocando mais chuvas entre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e o sul do Mato Grosso do Sul e a faixa sul de São Paulo.

Até a tarde desta terça-feira (24) há um alerta de perigo para ventos costeiros em grande parte do litoral riograndense, inclusive na região metropolitana de Porta Alegre.

A ocorrência de temporais deve voltar a ser registrada no Rio Grande do Sul e no Paraná e os termômetros devem cair ainda mais com condições de geada para toda a Região Sul, podendo se estender a algumas regiões do Mato Grosso do Sul e de São Paulo.

Fonte: Agência Brasil

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